O filme “Awake – A Vida de Yogananda” chega ao Brasil depois de grande sucesso nos Estados Unidos, onde obteve vários prêmios. O documentário narra a trajetória deste importante mestre iogue indiano que veio ao Ocidente com a missão de difundir a ciência da meditação iogue.
Para assegurar a originalidade de seus ensinamentos, Yogananda fundou, em 1920, a Self-Realization Fellowship, que conta com monges que até hoje divulgam e dão suporte à sua obra por meio de livros e lições – que podem ser solicitadas por correspondência para o exercício da meditação em casa. Veja aqui o depoimento das diretoras do filme, onde contam a trajetória dessa grande experiência que foi fazer o documentário da vida de um dos maiores mestres espirituais contemporâneos.
DEPOIMENTOS DAS DIRETORAS
Paola di Florio: “Vocês deveriam saber que eu tenho um problema com a palavra Deus”, foi uma das primeiras coisas que saiu da minha boca em uma visita inicial à organização de Yogananda, Self-Realization Fellowship. Eu estava sentada com o meu marido/produtor Peter Rader e com a co-diretora, Lisa Leeman, me dirigindo para uma equipe que incluía monges experientes, que devotaram mais de quatro décadas no ashram, renunciando a desejos mundanos na busca pelo Divino, e eles não ficaram nem um pouco incomodados. Mais do que um mero alívio, eu fiquei intrigada. Mais tarde, descobri que os ensinamentos de Yogananda não tem como premissa uma fé, ou mesmo uma crença em Deus. A Yoga é considerada uma ciência na Índia. “Deus” não tem fronteiras, é pura consciência –“Satchitananda”, o que o indivíduo experiência na meditação. Não está fora, mas sim dentro e ao redor de todos nós. Basta estar aberto e ser disciplinado o suficiente para se engajar na prática, usando o próprio corpo como um laboratório vivo. Eu fiquei fascinada com essa abordagem. Eu não só estava curiosa para pesquisar isso em mim mesma, mas vi quão brilhante e oportuno pode ser um caminho ecumênico para a transcendência, em um mundo onde estamos matando uns aos outros por conta de crenças dogmáticas. Um filme como oAWAKE, de repente, me pareceu urgente. Eu fiquei interessada em encontrar significado, numa organização em que a ciência e a espiritualidade convergem.
Eu sou testemunha dos efeitos transformadores deste caminho pela prática da hatha-yoga, que eu comecei a praticar quando tinha 20 anos. Realizando as asanas, eu percebi meu sistema nervoso “reiniciando” e o meu coração se abrindo, o que naturalmente me incentivou a querer ir mais profundo, aprender a meditar. Inicialmente, eu comecei com uma prática budista chamada Vipassana, mas enquanto estava trabalhando no AWAKE, eu me comprometi a meditar diariamente. Inicialmente isso fazia parte da minha “pesquisa”, ou era o que eu dizia para mim mesma. Mas o que ocorreu comigo foi, nada menos, do que uma transformação total. Em essência, a beleza da Yoga é que ela te encontra onde você está. Isso pode acontecer tanto a nível individual quanto coletivamente, a nível de sociedade.
Quando Yogananda chegou nos Estados Unidos, em 1920, a recém-criada Física Quântica nos dizia que a matéria era ilusória – algo muito similar à noção de “Maya”, dos ensinamentos Védicos da Índia. Parecia que a ciência moderna estava finalmente alcançando o conhecimento dos iogues da Índia. E isso não poderia ter esperado nem mais um minuto. Dado o potencial destrutivo da Era Atômica, Yogananda percebeu que havia chegado a hora das grandes massas adotarem esses ensinamentos de fraternidade e compreensão… pois todos nós emergimos de um mesmo oceano de consciência. Quanto mais eu lia os ensinamentos de Yogananda, mais eu sabia que precisava fazer esse filme. E, ao fazê-lo, as fronteiras entre ciência e espiritualidade começaram a se confundir.
Lisa Leeman: Em 1984, um namorado me deu um exemplar da Autobiografia de um Iogue, dizendo: “você é muito lógica Lisa… leia isto! ”. Ele estava certo – o livro explodiu a minha mente racional. Eu não sabia o que fazer com as histórias de Yogananda sobre iogues levitando, do seu Guru estar em dois lugares ao mesmo tempo, ou de Yogananda prevendo o futuro… e, nem nos meus sonhos mais loucos, eu poderia me imaginar fazendo um filme sobre esse autor!
Eu sempre fui uma buscadora – na faculdade, eu devorei os livros de Alan Watts e clássicos do Zen (sem saber que o mestre de Budismo Tibetano Chogyan Trungpa estava a apenas 45 minutos, em Boulder, ou que décadas mais tarde eu produziria um documentário sobre ele). Eu comecei a praticar hatha-yoga e meditação, e comecei a fazer filmes documentários. Uma coisa levou a outra e, quando percebi, estava na Índia, como cineasta, em um filme sobre iogues ascetas. Alguns anos depois, quando Paola me convidou para co-dirigir esse filme com ela, eu fiquei intrigada a explorar mais profundamente como a biografia de um mestre de meditação poderia transmitir ensinamentos orientais de maneira visceral e cinemática, alcançando mais do que o intelecto, para criar um filme de experiência, para ser mais do que uma biografia.
Foi um desafio realizar esse filme, tanto cinematograficamente quando pessoalmente. Ele me forçou a lidar com algumas das “grandes questões” da vida, as quais eu me esquivava há tempos. Ele alongou a minha noção de Yoga (trocadilho proposital), aprofundou a minha prática de meditação, me ensinou a ver além das formas externas e expandiu a minha compreensão da natureza da realidade. Eu ainda estou lutando com as histórias fantásticas… e eu comecei a aprender de que não há problema nisso. Como um dos monges disse no filme, enquanto estávamos em Calcutá: “Com muita frequência, as pessoas procuram por ‘experiências espirituais’… quando o que realmente importa é cultivar a experiência do espírito”. Deixo para o público interpretar o que isso significa.
ENTREVISTA COM AS DIRETORAS PAOLA DI FLORIO & LISA LEEMAN
P: Como surgiu o filme?
Paola & Lisa: A organização criada por Yogananda, Self-Realization Fellowship, foi abordada durante décadas por pessoas que queriam fazer um filme sobre o Guru que trouxe a Yoga para o Ocidente. Por uma ou outra razão, o momento ainda não havia chegado. Em 2008, contudo, uma oportunidade se apresentou com um financiamento através de doadores anônimos. Os discípulos diretos de Yogananda estavam falecendo e parecia o momento correto de se fazer um filme. A SRF decidiu encontrar uma equipe de filmagem independente, para permitir que uma visão externa e mentes sem pré-conceitos contassem a história. Foi desejo da SRF fazer um filme para o mundo, e não apenas para os seus membros. Eles fizeram uma pesquisa extensa e nós fomos afortunadas de termos sido escolhidas para fazer o filme. É claro que, logo antes de sermos contratadas, nos olhamos e percebemos que tínhamos uma tarefa desafiadora à nossa frente. Não era apenas uma história épica, mas também uma história que nos desafiaria, como cineastas, a destilar esses antigos ensinamentos em um formato compreensível ao público externo à organização. Por sorte, nós não compreendemos o tamanho desta responsabilidade, pois teria sido muito intimidadora.
P: Qual foi o maior desafio que vocês tiveram para fazer esse filme?
Paola & Lisa: Houveram muitos desafios! Não é fácil fazer um filme sobre um santo. Nós somos contadoras de história, uma boa narrativa requer conflitos, dificuldades e um protagonista com imperfeições humanas. Nós buscamos os esqueletos no armário de Yogananda, e apesar de termos encontrado certas alegações provocativas, elas não tinham sustentação. Conforme nos aprofundamos em sua vida, contudo, nós descobrimos que ele enfrentou grandes obstáculos, muitos dos quais o público desconhecia.
Por ser a própria definição de “peixe fora d’água”, Yogananda, veio para a estranha terra da América, em 1920, para disseminar um antigo ensinamento que tinha paralelos com a Física de Einstein na época. Com certeza, esses ensinamentos de Yoga seriam vistos como ferramentas essenciais para os seres humanos sobreviverem à Era Atômica. Apesar de ser reconhecido com um “gênio espiritiual”, Yogananda sofreu severas críticas, e até racismo no Sul do país, por aqueles que se sentiam ameaçados por ele e por sua mensagem. Perseguição, traições por estudantes e amigos próximos, e até falência financeira se seguiu. Ele era continuamente testado. Mas Yogananda ascendeu como uma fênix através das cinzas de seus fracassos, não apenas para recobrar seu próprio propósito de vida, mas para inspirar outros a seguirem seu exemplo. Contudo, Yogananda algumas vezes quis fugir para ser um eremita em uma caverna dos Himalaias… que é a mesma sensação que tínhamos quando encontrávamos situações desafiadoras, tendo que esmiuçar centenas de arquivos e rolos de filmes, e estudar a volumosa obra de ensinamentos que Yogananda deixou para nós, destilando-os em algo compreensível (primeiro para nós, e depois para um público). Algumas vezes nós literalmente lutamos com isso. Demorou um pouco para digerir e internalizar esses conceitos, e a descobrir como transmiti-los de maneira cinematográfica.
Nós experimentamos criar estados internos de consciência através da metáfora audiovisual, pois era de extrema importância para nós que o filme fosse experiencial, não apenas informativo, e que nós convidássemos os espectadores para uma jornada de expansão de consciência e de possibilidades através do filme.
Decidimos que Yogananda contaria sua história com suas próprias palavras (ao invés de usar um narrador em terceira pessoa), em um esforço de criar mais intimidade. Isso significa que, além de usar algumas gravações da voz de Yogananda, nós tivemos o privilégio de contar com um ator proeminente, estrela de Bollywood, Anupam Kher, para ler suas palavras e, essencialmente, desempenhar este papel. Isso também ajudou a manter viva a sensação de realismo mágico que Yogananda criou ao escrever a Autobiografia de um Iogue, onde ele conta momentos íntimos de uma vida muito além do ambiente mundano. Nós também criamos momentos de tranquilidade, através dos quais os espectadores podem entrar e sair de “meditações cinematográficas”, propiciando a eles uma desassociação do intelecto e permitindo a experiência de apenas “ser”.
P: O que vocês acham que o público apreciará nesse filme?
Paola & Lisa: Nós esperamos que o filme coloque Yogananda no contexto de seu tempo, proporcionando uma maior compreensão da história da Yoga no Ocidente e o que a sua prática realmente significa. Mas, mais importante do que isso, nós queremos que o filme toque as pessoas no “ponto em que elas estão”, nas suas próprias jornadas espirituais individuais e, talvez, ajude a plantar uma semente que os leve ainda mais fundo. Nós queremos inspirar os espectadores a se tornarem “DESPERTOS” (AWAKE).
P: Que tipo de experiência vocês esperam trazer aos espectadores?
Paola & Lisa: Yogananda frequentemente usava o oceano como uma metáfora para a consciência, um conceito que as pessoas que passam muito tempo cercados por água, percebem intuitivamente. Nós usamos muitas imagens com água no filme. Yogananda compara o indivíduo às ondas do oceano, que tomam forma e então se unem de volta ao que nos une a todos, o oceano da consciência.
https://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2016/04/awake-diretoras.jpg381511Reinaldo Duarte da Silvahttps://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2024/08/WhatsApp_Image_2024-08-15_at_13.48.59-removebg-preview.pngReinaldo Duarte da Silva2017-07-21 03:56:162017-07-23 02:03:24Awake – A Vida de Yogananda – Entrevista com as diretoras
eia a entrevista exclusiva com Irmão Jayananda, monge da Self-Realization Fellowship, organização que difunde os ensinamentos de Paramahansa Yogananda em todo o mundo. A entrevista foi realizada durante sua visita ao Brasil para o lançamento do livro “Só o Amor”, de Sri Daya Mata.
Sri Daya Mata foi uma das principais e mais próximas discípulas de Paramahansa Yogananda. Ela dirigiu a Self-Realization Fellowship (SRF) — a organização por ele fundada para manter a pureza original dos ensinamentos da ciência da Yoga — por mais de 50 anos, tendo se tornado uma das primeiras mulheres na história a comandar uma organização espiritual de âmbito mundial. Poucas horas antes do evento de lançamento em São Paulo, Irmão Jayananda concedeu esta entrevista exclusiva, ocasião em que compartilhou muitas de suas experiências adquiridas ao longo dos 20 anos em que trabalhou como secretário pessoal de Sri Daya Mata.
IRMÃO JAYANANDA – É bom estar aqui e é um prazer falar sobre o livro “Só o Amor”. Li em algum lugar que é o Mestre que dá os ensinamentos, mas é um discípulo adiantado que mostra como colocá-los em prática. Esse é o valor de um livro como este que estamos lançando agora. Sri Daya Mata foi uma grande discípula, que viveu os ensinamentos de nosso Guru e tinha a capacidade de explicá-los perfeitamente. Seu livro, portanto, mostra como colocar os ensinamentos em prática. Ela foi um exemplo supremo de como viver esses ensinamentos e estar em sintonia com o Guru.
Daya Mata conheceu Paramahansa Yogananda em 1931 e viveu muitos anos ao seu lado, participando de suas atividades diárias. Praticou as técnicas e os ensinamentos por longo tempo e, em 1955, três anos após a morte de nosso Guru, sucedeu a Rajarsi Janakananda, que acabara de falecer, como presidente da Self-Realization Fellowship, dirigindo a organização até o seu falecimento, em 2010. Teve uma vida longa, sempre muito concentrada nos ensinamentos do Guru.
Os ensinamentos de Paramahansa Yogananda, seus métodos e técnicas de meditação, ajudam os que estão interessados em sentir uma conexão com Deus na vida diária. Isso é tão necessário neste complexo mundo de hoje! As pessoas estão sempre afobadas e se perguntam por que não têm paz, felicidade e contentamento. Mesmo os que são bem-sucedidos, segundo os padrões do mundo, não são totalmente felizes. Não se dão conta de que existe algo mais profundo e significativo do que os objetivos da vida comum. Nosso Guru explica e oferece métodos que nos permitem alcançar esse estado.
Os ensinamentos de Yogananda estão alicerçados na prática da meditação, pois um caminho para sentirmos a presença de Deus é a Yoga, Raja Yoga. Aprendendo a interiorizar-se, a sentir primeiro a paz de Deus e, em seguida, a alegria e a bem-aventurança divina, a pessoa descobre que toda a sua vida foi afetada. Não importa em que lugar do mundo você esteja, nem o que você faz; não importam os problemas e as dificuldades que a vida lhe traz. Você tem uma âncora – algo em seu íntimo que lhe permite sentir essas expressões do Divino.
No começo de minha busca espiritual, compareci, em 1976, a uma convenção internacional, e o livro “Só o Amor” tinha acabado de ser lançado (em inglês). Foi quando me apresentaram a Daya Mata. Isso foi há muito tempo! Alguns anos depois, em 1979, entrei no ashram (vida monástica) e, em 1981, comecei a trabalhar como um dos secretários de Daya Mata. Fiquei na função por mais de 20 anos. Um grande privilégio, porque pude vê-la no ashram e observar como enfrentava os problemas que apareciam e como ensinava a todos, como lidava com a pressão, como se concentrava no trabalho e conseguia, ao mesmo tempo, administrar a organização e manter sua própria consciência santificada.
Há algumas histórias espetaculares a respeito de Daya Mata. Ela possuía uma intuição extraordinária. Guruji definiu a intuição como o “sexto sentido”, o poder onisciente da alma. Quando ele se manifesta, torna-se desnecessário chamar os sentidos para saber alguma coisa; a intuição fornece o conhecimento a partir de dentro. Daya Mata tinha essa habilidade profundamente desenvolvida, por causa de seus anos de prática da meditação. Por exemplo, ela frequentemente tomava decisões para o trabalho da organização. Às vezes, pessoas ao seu lado não conseguiam entender por que ela tomara uma direção, quando os fatos sugeriam que deveria ter tomado outra. Mas ela estava sempre certa. Acho que, ao tomar uma decisão, ela sempre se perguntava: “O que o Mestre iria querer que eu fizesse? O que é melhor para o trabalho do Mestre?” Ela nunca colocou seu interesse pessoal em primeiro lugar; sempre visou alinhar-se com a vontade do Guru – e nisso foi sempre muito competente.
As coisas mais surpreendentes aconteciam na maneira simples com que ela tratava as situações do dia a dia. É impressionante, porque tal capacidade de concentração é rara. Daya Mata tinha a habilidade de focalizar qualquer coisa que estivesse diante dela, qualquer objeto em que colocava a atenção. Concentrava-se 100% e não se deixava influenciar por qualquer distração ao redor; podia interromper uma tarefa, começar outra e depois voltar à anterior no ponto exato em que a interrompera. Uma vez, eu estava escrevendo algo que ela ditou, algo profundo e complexo. Então, enquanto ela refletia e falava, o telefone tocou. Ela interrompeu o ditado e conversou por muito tempo ao telefone. Quando voltou, virou-se para mim e reassumiu exatamente no ponto em que havia parado!
Era surpreendente testemunhar isso. Guruji costumava falar sobre os benefícios do poder da vontade e da concentração, mas, quando vemos um exemplo vivo deles, ficamos admirados. Daya Mata dizia que praticava Hong-Só o tempo todo, que era sua técnica de meditação favorita. Durante o dia, quando dispunha de alguns minutos, ela praticava Hong-Só. Dizia que, fazendo isso, sua mente se tornava imediatamente tranquila, centrada. E nos treinou para fazermos a mesma coisa. Quando estávamos em meio a um ditado e havia alguma interrupção, como uma chamada telefônica, ela não deixava os que estivessem ao seu lado perder tempo. Dizia: “Fechem os olhos e meditem por um instante; foi assim que Guruji treinou os que estavam com ele”.
Ela era dotada de grande compaixão. De fato, seu nome, “Daya Mata”, significa “Mãe de Compaixão”. Sempre levava muito a sério qualquer um que a procurasse pedindo ajuda, mesmo aqueles que lhe escreviam – e ela recebeu muitas cartas ao longo dos anos. Uma vez, vendo uma pilha de cartas em sua mesa, perguntei: “O que faz com tudo isso, Ma?” Ela respondeu: “São cartas de pessoas pedindo ajuda. Eu as levarei a meu quarto hoje à noite, colocarei sobre o altar e rezarei por elas.”
Um dia, entrei em seu escritório e vi que tinha uma carta nas mãos. Seus olhos estavam fechados, e ela orava profundamente. Fiquei ali por um tempo, e, quando ela abriu os olhos e me viu, disse: “Esta pessoa está com problemas; precisa de minhas orações”. Uma coisa é fazer algo assim quando tem gente observando, outra coisa é fazer isso quando não há ninguém por perto. Isso comprovou para mim, mais uma vez, que o que víamos em Daya Mata externamente era o que ela realmente era por dentro.
Paramahansa Yogananda sabia que grande discípula ela era. Ela começou assumindo todas as tarefas administrativas da SRF em 1948, e passou a ter uma grande carga de trabalho. Contudo, mesmo com toda essa responsabilidade, nunca deixou de lado suas atividades espirituais.
Todos os que estavam na presença de Ma sentiam seu amor e santidade. Quando eu era um jovem monge, sempre notava que, perto dela, me sentia incrivelmente feliz, satisfeito. Uma vez, tendo ela que se ausentar por algumas semanas, eu me perguntei: “Para onde foi aquela minha felicidade?” Era Daya Mata que frequentemente me elevava com a sua vibração.
Vou contar outra boa história sobre ela: uma vez, três empresários quiseram falar com ela, já que era a presidente da organização. Eram advogados, ou banqueiros, executivos de alto status em suas empresas. Daya Mata pediu-me que os recebesse no prédio administrativo (na sede central da SRF). Eram por volta das 18 horas, depois do expediente, e todos os outros visitantes já tinham ido embora. Vi que os três estavam ali, e eles olhavam em volta, sem dúvida se perguntando: “Que tipo de lugar é este?” Levei-os a uma sala no terceiro piso, onde Daya Mata costumava receber as visitas. Deixei-os ali com Ma e aguardei fora da sala. Lembro-me do lindo pôr do sol naquela tarde. Quando a reunião com Daya Mata terminou – durou quase uma hora –, eu os encaminhei para a saída. Notei que todos pareciam muito diferentes do que uma hora antes. De repente, enquanto descíamos a escada, um dos homens segurou-me pelo braço, apontou para cima e perguntou com muita sinceridade: “Quem é ela?”
Compreendi que Ma conversara com esses empresários, homens “do mundo”, sobre questões de trabalho; ela era brilhante em muitos assuntos, e sua capacidade de concentração e entendimento era rara. Além disso, ela sempre mostrava um interesse genuíno pelas pessoas; sempre conversava de maneira tão amorosa que fazia qualquer um se comover. Mesmo numa conversa sobre negócios, ela podia perguntar num dado momento: “Como está você?” ou “Você tem família, filho?” Estar com ela era como estar com uma verdadeira mãe. Quando aqueles empresários me perguntaram quem ela era, pude ver que tinham passado por uma transformação. Ficaram profundamente impressionados com seu contato com Ma; tiveram uma nova perspectiva sobre ela e sobre a SRF.
Sri Daya Mata era uma pessoa muito amorosa, muito jovial. Era impossível estar com ela e sentir-se triste. Ela era muito sensível e percebia se alguém estava infeliz. Uma vez, eu andava acabrunhado; alguma coisa estava me chateando. Ela me pediu que viesse vê-la, e, como eu não queria que percebesse que estava me sentindo mal, disfarcei com um sorriso no rosto. Quando entrei no escritório, ela trabalhava em sua mesa. Olhando para mim, perguntou imediatamente: “Está se sentindo bem?” Ela sentiu que a minha vibração estava perturbada.
Daya Mata possuía e irradiava felicidade. Estivesse ela falando para um grupo pequeno ou grande, para mil ou quatro mil pessoas, todos se sentiam felizes em sua presença. Dizia algo engraçado, e todo mundo ria; era um magnetismo que contagiava a todos. De muitas maneiras, ela influenciou a vida de muita gente, inclusive pessoas que, por intermédio dela, foram apresentadas à SRF. Em seus primeiros anos, ela viajou como representante da SRF e falou em todo o mundo, mas nos últimos anos permaneceu mais “nos bastidores”. Mas nunca deixou de receber e conversar com as pessoas.
Nós (a SRF) publicamos uma revista especial, logo após o seu falecimento, com muitas fotografias suas em diferentes circunstâncias e situações – ao lado de um chefe de governo ou de alguém mundialmente famoso, ou cumprimentando alguém pela primeira vez, falando diante de agrupamentos grandes ou pequenos, em ambientes naturais ou urbanos, ou apenas meditando em silêncio. Em todos esses retratos, não importa o que Ma estivesse fazendo, podemos notar que em cada caso ela está sempre interagindo perfeitamente com as pessoas e com o ambiente, expressando compaixão, amor e compreensão. Assim era Ma.
OMNISCIÊNCIA – Gostaríamos de saber mais a respeito da capacidade de pacificação que Daya Mata possuía porque ouvimos dizer que essa era uma de suas características mais notáveis, algo que também foi levado em consideração quando foi escolhida como dirigente da SRF.
IRMÃO JAYANANDA – Não há dúvida sobre sua capacidade como pacificadora. Ela própria era pacífica, jovial. Paramahansa Yogananda dizia que devemos ser o que desejamos que as pessoas ao nosso redor sejam. Não podemos esperar que as pessoas se comportem de um jeito, quando nós nos comportamos de outro. Ma era pacificadora; tinha a capacidade de unir as pessoas. Era corajosa; não hesitava em fazer o que tinha de ser feito. Sabia que estava a serviço do Guru; se ele lhe pedisse algo, ela executava sem questionamentos ou demoras.
Às vezes, sentimos receio quando temos que enfrentar alguém. Ma, não; ela simplesmente fazia o que precisava ser feito. Ela também sempre apelava para a natureza superior da pessoa; ela era o exemplo, inspirando os que estavam ao seu lado a serem pessoas melhores. Essa característica é impressionante. Paramahansa Yogananda dizia: “Eu atraio pessoas resolutas”. Bem, pessoas resolutas têm grande força de vontade: uma vez que decidem algo, é pouco provável que mudem de ideia! Ma, porém, tinha a capacidade de colocar as pessoas em sintonia com a vontade de Guruji, e lembrava a todos nós que deveríamos nos esforçar para vivermos sintonizados com o Divino. Ela era muito respeitada por todos.
OMNISCIÊNCIA – Como pode a meditação ajudar nessa expansão do amor, da qual Daya Mata foi um grande exemplo?
IRMÃO JAYANANDA – Só podemos afetar o mundo de uma maneira, e esta é mudando a nós mesmos. Quando a pessoa muda, torna-se possível para ela influenciar o mundo. Guruji disse: “Mude a si mesmo, e você mudará milhares”. Quando alguém se transforma de verdade, existe a possibilidade de mudar o mundo de maneira notável.
A Yoga permite que as pessoas transformem sua consciência por meio da meditação. O que é meditação? Guruji ofereceu uma linda definição, dizendo que é “um processo de cultivar e estabilizar a consciência da nossa verdadeira natureza”. Na vida cotidiana, não vemos qual é a nossa verdadeira natureza; o mundo nos influencia a agir e a acreditar em certas coisas. Tendemos a pensar que temos limitações, que não somos capazes de amar, compreender, ter sabedoria. Mas a meditação, “o processo de cultivar e estabilizar a consciência da nossa verdadeira natureza”, por meio de métodos científicos e definidos, é um caminho para ir além da consciência do ego e substituí-la pela consciência da alma.
Então, como a meditação funciona? Ela transfere a nossa consciência, do corpo e suas limitações, da mente e suas oscilações, para a percepção do espírito: um estado de paz, alegria, contentamento. Ouvi dizer que meditar é como manusear o sândalo: quanto mais alguém o manuseia, mais a sua pele retém aquela fragrância. De maneira parecida, quanto mais frequente e profundamente você medita, mais os períodos entre uma meditação e outra são afetados. Quando fizer uma boa meditação e, depois, sair para o mundo, você notará que vai interagir com as pessoas de uma maneira diferente, mesmo com aquelas com quem talvez tenha um relacionamento difícil. Naturalmente, você pensará: “Bem, tal pessoa não é tão má assim. Tem algumas boas qualidades!” Você mudará e, de repente, suas relações serão diferentes. E o que você recebe em troca começa a mudar também. É um processo gradual, porém certo. Com a meditação regular através dos anos, sua capacidade de estar no mundo muda. Guruji dizia que o ideal é estar no mundo, mas sem ser do mundo. Com a meditação, é possível tornar-se menos afetado pelo mundo, porque existe um lugar em nosso ser interior ao qual podemos recolher a nossa consciência.
Hoje passamos por uma rua cheia de girassóis. O iogue assemelha-se a um girassol, sempre voltado para o sol, para a luz. Não importa onde esteja, ele segue a percepção interna do Divino e busca a presença de Deus. É um caminho maravilhoso, inspirador, sempre novo.
OMNISCIÊNCIA – Poderia nos dizer algo a respeito da saúde do corpo e da mente…
IRMÃO JAYANANDA – Estão todos conectados: corpo, mente e alma. É impossível fazer algo com um deles sem afetar os outros dois. Você dizia que trabalha com crianças; nelas podemos notar, por exemplo, os efeitos de uma dieta saudável. Melhore a alimentação das crianças e notará uma melhora na vitalidade delas; serão mais alegres se comerem mais frutas e verduras frescas. Logo, tudo é afetado. A Yoga proporciona um enorme suporte para o corpo, a mente e a alma. A Hatha Yoga focaliza o corpo, que, por sua vez, afeta a mente. A Raja Yoga é a meditação, e Guruji nos deu técnicas, exercícios de energização – 38 exercícios que fortalecem e acalmam o corpo pelo poder da vontade. São maravilhosos esses exercícios!
Em outras palavras, se a mente é sadia, se você é centrado, se existe paz e plenitude interior, esse estado faz com que o corpo também se torne saudável. A Raja Yoga é um caminho para estabelecer a harmonia entre os três elementos: o corpo, a mente e a alma.
Atualmente, muita gente está sofrendo de estresse. Não é apenas um problema da mente, mas também prejudica o corpo. O estresse provoca muitas doenças. Numerosos médicos e cientistas pedem aos doentes que relaxem, para irem à praia, que esqueçam o trabalho, que evitem abrir suas caixas de e-mail por três semanas!
Os três elementos – corpo, mente e espírito – estão conectados. Guruji não diz que você tem de fugir; ele diz que, se todos fugissem para as montanhas, teríamos que construir uma cidade lá! Você não pode evitar algumas circunstâncias, mas pode mudar de maneira suficiente a sua consciência (o modo como enxerga a vida), para que se torne mais tranquilo, centrado e, portanto, capaz de influenciar os problemas externos que o atormentam. Isso é estar no mundo sem ser do mundo.
Penso que Daya Mata foi um grande exemplo disso, porque estava frequentemente sob pressão. Ela dirigiu uma organização internacional durante 55 anos, lidando com todos os tipos de desafios que fazem parte do comando de qualquer grande organização. Apesar disso, quem a visse pensaria que não havia nada que a preocupasse, nenhum problema. Ela sabia que não seria capaz de suportar tamanho nível de pressão e de responsabilidade se não fosse sua prática diária da meditação, pela manhã e à noite.
OMNISCIÊNCIA – Irmã Gyanamata, outra grande discípula deste caminho, diz em seu livro God Alone que as vibrações de guerras no mundo inteiro nos afetam. Como podemos lidar com tudo que esteja ao nosso redor?
IRMÃO JAYANANDA – Bem, o mundo continuará sendo o mundo. No momento atual, guerras e dificuldades existem. Devemos procurar, dentro de nós, um lugar de paz e tentar expandir essa paz, para que todos os que cruzem nosso caminho sintam essa paz e esse amor. Na época atual, é aí que a consciência da humanidade se encontra. Guruji diz que esta consciência está se elevando cada vez mais, que sempre haverá mais e mais compreensão a respeito do propósito da vida. Se compararmos o mundo de hoje ao de 100 anos atrás, certamente constataremos que a compreensão e a consciência se elevaram. Há um interesse crescente pela Yoga, por viver de uma maneira científica, que traga felicidade. Tais questões tornaram-se mais conhecidas muito recentemente. Então, as coisas vão melhorar, mas é um processo lento. O melhor que podemos fazer é trabalhar a nós mesmos para mudar nossa consciência e ajudar aqueles que conhecemos em nossa vida. Esse é o caminho de Guruji. Cada pequeno esforço ajudará a fazer um mundo melhor, mais pacífico.
É também prático e muito útil rezar pelo mundo; Guruji sempre enfatizou isso. Em todos os nossos centros e grupos de meditação, e nos ashrams, oramos diariamente pela paz mundial. Orar é um modo efetivo de enviar vibrações positivas e afastar para longe as vibrações da guerra e do ódio.
OMNISCIÊNCIA – A Yoga, essa antiga ciência, traz a possibilidade de acelerar a evolução humana?
IRMÃO JAYANANDA – Certamente que sim. Guruji explica que a evolução humana regular implica milhares de enfermidades por muitos anos. Muitas encarnações são necessárias até que a consciência se aproxime de Deus e a presença divina seja perfeitamente sentida e refletida. A Yoga acelera esse processo de maneira fabulosa. É um pouco parecido com um atleta que treina para melhorar o desempenho. É possível treinar a mente, a consciência, e a Yoga faz isso: ela treina a consciência para que a experiência de Deus aconteça e se reflita na vida diária. Como disse Guruji, uma só prática correta da Kriya Yoga equivale a um ano de evolução comum.
Uma vez, Yogananda disse a Daya Mata que continuasse praticando e, um dia, quando olhasse para trás, ela não se reconheceria, pois a prática traria muitas mudanças. E ela disse que isso realmente aconteceu! Um dia, ela olhou para trás e não conseguiu se identificar com as fraquezas que tivera anteriormente, as dúvidas e o medo que costumava ter. Tinha mudado tanto que não podia mais se reconhecer. Penso que qualquer um que pratique sinceramente terá, depois de anos, a mesma experiência – a de não ser mais a mesma pessoa, a de sentir que cresceu.
Com a idade, muita gente se desenvolve fisicamente, mas não mentalmente e espiritualmente! Porém existem formas efetivas de ajudar alguém a crescer. Formei-me na universidade, mas comecei realmente a aprender – conseguindo pensar de verdade – quando comecei a praticar Yoga. Fiquei muito mais focado e interessado em diversos assuntos, muito mais do que quando era mais jovem.
A Yoga é a ciência da religião; é um método. Atualmente, pouca gente sabe que a Yoga é uma ciência, mas é.
OMNISCIÊNCIA – Daya Mata diz, no começo do seu livro, que as pessoas buscam uma experiência pessoal de Deus. Quer dizer, elas querem sentir a presença Dele interiormente – não uma religião, em que alguém, de fora, fala sobre Deus – e a Yoga traz essa possibilidade…
IRMÃO JAYANANDA – Sim, ela traz essa possibilidade. Temos experiências diferentes. Às vezes, pensamos em Deus como alguém de barba comprida, lá no céu. Tentamos chegar a Ele sem compreender que somos Seus filhos, que somos feitos à Sua imagem. A Yoga nos dá a capacidade de despertarmos gradualmente para a nossa unidade absoluta com Deus; então podemos começar a sentir e a perceber diretamente a presença divina.
Nasci numa religião que afirmava serem os santos criaturas especiais feitas por Deus, diferentes de todos os outros. Mas Guruji diz que somos todos santos em potencial – aquilo que eles viveram, experimentaram e realizaram nós também podemos viver, experimentar e realizar. Mas precisamos de um método, e a Yoga é esse método.
Lembro-me de alguns anos atrás, quando monges da Yogoda Satsanga Society (YSS; organização filial da SRF na Índia) vieram nos visitar. Um deles nos contou que certa vez viajava por uma floresta, no sul da Índia, com outro monge. Nessa floresta, eles encontraram um eremita, um sábio que lá vivia. Quando esse homem soube que os monges eram da YSS, ficou impressionado e lhes mostrou um livro que ele guardava em seu abrigo: “Só o Amor”. Para ele, era o livro mais sagrado que já tinha lido, porque explicava como praticar e estar em sintonia com o Divino. Fiquei admirado quando ouvi essa história.
OMNISCIÊNCIA – Qualquer um pode praticar essas técnicas, existe algum requisito para isso?
IRMÃO JAYANANDA – Acredito que o requisito para o nosso caminho é o interesse sincero nos ensinamentos de meditação iogue de Paramahansa Yogananda. Guruji dizia: “Tente. Pratique os ensinamentos. Se não funcionarem, dê adeus e siga adiante.” Mas ele também disse que se os praticarmos sinceramente não iremos ficar desapontados e, em minha opinião, isso é verdade. O livro “Só o Amor” contém argumentos bastante convincentes de alguém que praticou os ensinamentos.
Observe que, no caminho espiritual, nada acontece à toa. Todos nós conhecemos a história de uma jovem que, antes de tornar-se monja da SRF, caminhava numa biblioteca quando um livro caiu sobre sua cabeça. Era a Autobiografia de um Iogue! O Guru nos encontra onde quer que estejamos; não é algo que aconteça por acaso.
OMNISCIÊNCIA – Como levar uma vida equilibrada num mundo que nos empurra todos os dias para trabalhar mais? Como a Yoga nos ajuda nesse estilo de vida moderno?
IRMÃO JAYANANDA – Acredito que a vida deve ser equilibrada. É quase impossível sermos felizes e satisfeitos se dedicamos muitas horas ao nosso trabalho e nenhuma à prática espiritual. Porém, ter uma vida equilibrada tem diferentes significados para pessoas diferentes. Por exemplo, algumas assumem demasiada responsabilidade, e, quanto mais assumem, maior é a necessidade de práticas que tragam essas pessoas de volta para o seu centro.
O primeiro presidente da SRF, após a morte de Yogananda, foi Rajarsi Janakananda; ele faleceu em 1955, depois do que Daya Mata tornou-se a presidente. Rajarsi Janakananda era um empresário multimilionário. Era dono de empresas e teve de suportar grandes pressões, mas era uma alma admirável! Há exemplos de pessoas que alcançam essa vida equilibrada. Mas Rajarsi criou aquele espaço. Ao chegar ao escritório, toda manhã, ele trancava a porta para um período de meditação; sabia da importância de fazer isso.
Penso que é importante para alguém que busca uma vida equilibrada criar tempo e espaço para praticar Yoga. Mesmo um tempo bem curto é melhor que nenhum. Daya Mata costumava dizer em suas palestras: “Façam 15 minutos por dia, mesmo cinco minutos! Vocês verão seu coração abrir-se para Deus. Meditem!” Ela então dizia: “Tentem sentir a presença de Deus e serão saudáveis”.
Assim, quem consegue ter horas e horas para a prática? Comece do ponto onde está, observando o que realmente importa, estabelecendo prioridades. Guruji dizia que, quanto mais ocupado esteja, tanto mais seletivo você deve ser a respeito de sua “dieta mental”. Temos de evitar o que não é relevante. Empresários de êxito conhecem essa lei; não perdem tempo com atividades inúteis. Certamente, é positivo reservar tempo para relaxar e para atividades recreativas. Guruji conhecia o equilíbrio. Ele só não queria que perdêssemos tempo com atividades desnecessárias.
Às vezes, na vida, passamos por períodos extremamente ocupados, não há tempo para nada. Até esquecemos quem somos. Guruji diz que tudo bem, essas coisas acontecem, mas depois desse período devemos voltar para o centro e recuperar o equilíbrio. Tudo depende do que você quer. Se desejar ter uma vida equilibrada, encontrará um caminho para ela e será saudável.
Também no ashram há períodos atarefados, em que tentamos fazer o melhor que podemos, meditamos tanto quanto possível e percebemos que o Guru nos ajuda. Às vezes, descobrimos que uma meditação curta durante um período turbulento é tão eficaz como se tivéssemos meditado por horas. Isso não se deve às nossas próprias habilidades; é Guruji dizendo: “Muito bem, não se preocupe!” É parte da vida interior do iogue. Daya Mata fala sobre isso em “Só o Amor” quando comenta a respeito das responsabilidades da vida. Acredito que qualquer um que leia esse livro sentirá a sinceridade de Daya Mata. Muitas das perguntas que foram feitas sobre a vida equilibrada, como também outros tópicos, são abordadas detalhadamente no livro dela.
OMNISCIÊNCIA – Poderia falar um pouquinho sobre o atual momento da SRF, os projetos, as mudanças, a nova presidente Sri Mrinalini Mata…
IRMÃO JAYANANDA – Sri Mrinalini Mata é admirável, também. Não trabalho diretamente com ela, mas a vejo sempre. É uma alma surpreendente. Guruji a conheceu quando ela era muito jovem e ela entrou na comunidade monástica da SRF aos 15 anos, com a permissão dos pais. Desde o começo, ele sabia qual seria o papel dela – como sabia o de todos os outros! Sabia que ela editaria os ensinamentos e seria responsável por sua difusão. Ele a treinou nessas tarefas.
Daya Mata, em minha opinião, operava principalmente com o coração, com amor e compreensão, enquanto Mrinalini Mata, que certamente tem essas qualidades, trabalha em um nível de profunda sabedoria. Mas, no cômputo final, ambas alcançaram o mesmo patamar, ainda que a trilha tenha sido um pouco diferente!
O trabalho está nas mãos de nosso Guru. Ele sempre indicará as pessoas certas para fazerem o que é necessário. Tudo está sob o controle do Guru; estamos em boas mãos!
Yogananda disse que, após a sua partida, os ensinamentos seriam o Guru. Isso é muito importante. Todo devoto sincero sabe que isso é verdade. Assim, o Guru fala conosco frequentemente, quando pegamos um de seus livros ou escritos! Nós estamos em boas mãos!
OMNISCIÊNCIA – Gostaria de dizer alguma coisa para o povo brasileiro? É a sua primeira visita ao Brasil?
IRMÃO JAYANANDA – Estou no Brasil pela primeira vez. Minha impressão é muito positiva; posso ver que há uma enorme devoção. O livro “Só o Amor” é universal – para todos lerem. Os brasileiros com certeza ficarão interessados neste grande livro.
https://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2016/04/jayanananda-srf.jpg532800Reinaldo Duarte da Silvahttps://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2024/08/WhatsApp_Image_2024-08-15_at_13.48.59-removebg-preview.pngReinaldo Duarte da Silva2016-04-13 03:52:092018-03-30 15:02:21Entrevista Exclusiva com o Monge Jayananda da SRF