Certa vez, pouco depois de eu ter chegado ao ashram, o Mestre levou alguns de nós à praia de Santa Mônica. Era de manhã bem cedo, ele quis sentar-se na praia e meditar ao nascer do sol, como é comum na Índia. Nós não levamos nada para forrar o chão para sentarmos, nós simplesmente achamos um lugar na areia e começamos a meditar. Pouco tempo depois nós fomos molestados pelas pulgas de areia. Suas mordidas eram terríveis! Eu abri os olhos e fitei o Mestre.
As pulgas estavam fervilhando sobre ele também, mas ele não movia um músculo. Sua respiração estava silenciosa, sua mente estava além da consciência do corpo. Seu exemplo despertou em mim a grande determinação de que eu não me moveria, não importando quão forte a necessidade de afastar de mim aqueles insetos infernais. Nos primeiros minutos foi um pesadelo, mas eu continuei. Recusando- me a desistir, minha consciência foi se aprofundando interiormente, tornando-se tão absorvida no pensamento de Deus que as sensações externas cessaram. Uma hora se passou e finalmente o Mestre disse: “Ok, vamos agora”. Embora as pulgas não tivessem cedido, eu estava cheia de paz e de uma profunda alegria: “Ah, hoje ele me mostrou a maneira de vencer”.
Alguns diriam que isso é fanatismo. Não é. É o tipo de determinação pelo qual se desenvolve o poder mental, que é o caminho da perfeita liberdade neste mundo.
Anos mais tarde, durante uma de minhas viagens à Índia, eu visitei o ashram de Ananda Moy Ma. Um grupo de seus seguidores tinha se reunido para uma cerimônia especial com a Mãe, e nós estávamos todos sentados num chão de cimento. Eu comecei a meditar. Após algum tempo minhas pernas ficaram dormentes e meus tornozelos ficaram doloridos, mas eu disse a mim mesma: “Você não vai deixar nada atrapalhar sua comunhão interior”. Eu me sentei naquele cimento duro por pelo menos três horas – foi uma de minhas meditações mais profundas na Índia. Mais tarde eu ouvi Ananda Moy Ma dizer a seus discípulos – “olhem para Daya Ma, esta é a maneira de meditar, vejam o que ela aprendeu com seu Guru”.
Isto não é para me gabar, mas simplesmente para despertar em vocês um entusiasmo maior para praticar o que o Mestre ensinou. Vocês podem pensar: “Bem, Daya Ma teve o benefício do treinamento pessoal do Guru. Não é de admirar que ela pudesse fazer isso”. Falso raciocínio! Pensem no exemplo de São Francisco. Embora ele tenha vivido doze séculos depois de Jesus, ele foi um dos maiores exemplos dos ensinamentos de seu Guru. Sua inteira existência foi imersa em Cristo, e todas as noites, em suas meditações, Cristo vinha a ele. Um verdadeiro Guru está sempre vivo. Se você praticar com zelo os ensinamentos de um verdadeiro Guru e cultivar fé em sua orientação, você realizará esta verdade em si mesmo.
Sri Daya Mata
https://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2016/06/13029511_966899823363064_3034957267171011092_o-1.jpg13652048Reinaldo Duarte da Silvahttps://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2024/08/WhatsApp_Image_2024-08-15_at_13.48.59-removebg-preview.pngReinaldo Duarte da Silva2016-06-07 16:26:252017-07-23 01:38:45O Treinamento de Paramahansa Yogananda em Meditação
O documentário “ Awake – A Vida de Yogananda” narra a trajetória do líder espiritual Paramahansa Yogananda, autor do clássico Autobiografia de um Iogue. Produzido pela CounterPoint em parceria com a Roco Films, o filme traça o percurso realizado pelo indiano, sobretudo no Ocidente, onde teve – por missão – divulgar a milenar ciência da Kriya yoga.
Yogananda foi para os Estados Unidos em 1920, com o intuito de cumprir o que já havia sido previsto pela linhagem de gurus que o antecederam: Mahavatar Babaji resgatou a Kriya yoga e a repassou, nas montanhas dos Himalaias, ao seu discípulo direto Lahiri Mahasaya. Este, por sua vez, transmitiu tais ensinamentos a Swami Sri Yukteswar, o guru que Yogananda encontraria inusitadamente no mercado público de Benares em 1910. Prostrado a seus pés, reverência comum aos indianos, Yogananda seguiria com Yukteswar para o seu eremitério, onde permaneceria por dez anos absorvendo o conhecimento diretamente de seu mestre até que se fizesse cumprir o que já era sabido no passado: a ida à América do Norte para apresentar, em sua linguagem, toda a ciência da meditação.
Quando aportou no efervescente país que à época dava início à vasta produção cinematográfica, sentiu-se impelido a alcançar o coração daquelas pessoas tão absortas nas ilusões dos prazeres mundanos. Com destreza e sensibilidade, logo reuniu multidões para falar sobre meditação, o despertar da consciência divina que habita todo ser, e para ensinar as técnicas científicas de meditação iogue aos ocidentais. Sentindo necessidade de assegurar a pureza desses ensinamentos, Yogananda fundou – em 1920 – a Self-Realization Fellowship, organização que até hoje divulga seus discursos e escritos na forma de livros e por meio de lições que podem ser solicitadas por correspondência para o treinamento em casa.
A globalização acabou por estreitar os extremos do planeta e as décadas subsequentes do século XX foram marcadas pelo grande interesse pela Yoga e outras práticas orientais no continente americano. Lançado em 1946, o livro Autobiografia de um Iogue– a narrativa da trajetória espiritual de Yogananda, com passagens de profunda devoção mescladas a casos de humor, acabou por tocar inúmeras pessoas, que decidiram se aprofundar em seus ensinamentos e a segui-lo como seu mestre.
Ravi Shankar, respeitável músico indiano, entregou um exemplar ao beatle George Harrison. Ele leu e sentiu de tal forma esta obra que, nas próprias palavras, tornou-se alguém melhor. Quando vivo, George mantinha livros espalhados por sua casa e os entregava a várias pessoas alegando que aquele tal texto era capaz de tocar o coração de todas as religiões. Steve Jobs, fundador da Apple, também costumava declarar apreço pelo mestre indiano. Seu secretário relata no filme que ele tinha, apenas, um livro em seu Ipad: “Autobiografia de um Iogue”. Já em estado terminal, Steve pediu que um exemplar deste best-seller fosse entregue aqueles que comparecessem ao seu enterro. O que aconteceu.
Trailer do filme Awake – The Life Of Yogananda
Obs: O filme já está disponível para assistir no Netflix.
https://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2016/04/awake.jpg165500Reinaldo Duarte da Silvahttps://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2024/08/WhatsApp_Image_2024-08-15_at_13.48.59-removebg-preview.pngReinaldo Duarte da Silva2016-04-14 04:29:192017-07-23 01:56:33Awake – A Vida de Yogananda
eia a entrevista exclusiva com Irmão Jayananda, monge da Self-Realization Fellowship, organização que difunde os ensinamentos de Paramahansa Yogananda em todo o mundo. A entrevista foi realizada durante sua visita ao Brasil para o lançamento do livro “Só o Amor”, de Sri Daya Mata.
Sri Daya Mata foi uma das principais e mais próximas discípulas de Paramahansa Yogananda. Ela dirigiu a Self-Realization Fellowship (SRF) — a organização por ele fundada para manter a pureza original dos ensinamentos da ciência da Yoga — por mais de 50 anos, tendo se tornado uma das primeiras mulheres na história a comandar uma organização espiritual de âmbito mundial. Poucas horas antes do evento de lançamento em São Paulo, Irmão Jayananda concedeu esta entrevista exclusiva, ocasião em que compartilhou muitas de suas experiências adquiridas ao longo dos 20 anos em que trabalhou como secretário pessoal de Sri Daya Mata.
IRMÃO JAYANANDA – É bom estar aqui e é um prazer falar sobre o livro “Só o Amor”. Li em algum lugar que é o Mestre que dá os ensinamentos, mas é um discípulo adiantado que mostra como colocá-los em prática. Esse é o valor de um livro como este que estamos lançando agora. Sri Daya Mata foi uma grande discípula, que viveu os ensinamentos de nosso Guru e tinha a capacidade de explicá-los perfeitamente. Seu livro, portanto, mostra como colocar os ensinamentos em prática. Ela foi um exemplo supremo de como viver esses ensinamentos e estar em sintonia com o Guru.
Daya Mata conheceu Paramahansa Yogananda em 1931 e viveu muitos anos ao seu lado, participando de suas atividades diárias. Praticou as técnicas e os ensinamentos por longo tempo e, em 1955, três anos após a morte de nosso Guru, sucedeu a Rajarsi Janakananda, que acabara de falecer, como presidente da Self-Realization Fellowship, dirigindo a organização até o seu falecimento, em 2010. Teve uma vida longa, sempre muito concentrada nos ensinamentos do Guru.
Os ensinamentos de Paramahansa Yogananda, seus métodos e técnicas de meditação, ajudam os que estão interessados em sentir uma conexão com Deus na vida diária. Isso é tão necessário neste complexo mundo de hoje! As pessoas estão sempre afobadas e se perguntam por que não têm paz, felicidade e contentamento. Mesmo os que são bem-sucedidos, segundo os padrões do mundo, não são totalmente felizes. Não se dão conta de que existe algo mais profundo e significativo do que os objetivos da vida comum. Nosso Guru explica e oferece métodos que nos permitem alcançar esse estado.
Os ensinamentos de Yogananda estão alicerçados na prática da meditação, pois um caminho para sentirmos a presença de Deus é a Yoga, Raja Yoga. Aprendendo a interiorizar-se, a sentir primeiro a paz de Deus e, em seguida, a alegria e a bem-aventurança divina, a pessoa descobre que toda a sua vida foi afetada. Não importa em que lugar do mundo você esteja, nem o que você faz; não importam os problemas e as dificuldades que a vida lhe traz. Você tem uma âncora – algo em seu íntimo que lhe permite sentir essas expressões do Divino.
No começo de minha busca espiritual, compareci, em 1976, a uma convenção internacional, e o livro “Só o Amor” tinha acabado de ser lançado (em inglês). Foi quando me apresentaram a Daya Mata. Isso foi há muito tempo! Alguns anos depois, em 1979, entrei no ashram (vida monástica) e, em 1981, comecei a trabalhar como um dos secretários de Daya Mata. Fiquei na função por mais de 20 anos. Um grande privilégio, porque pude vê-la no ashram e observar como enfrentava os problemas que apareciam e como ensinava a todos, como lidava com a pressão, como se concentrava no trabalho e conseguia, ao mesmo tempo, administrar a organização e manter sua própria consciência santificada.
Há algumas histórias espetaculares a respeito de Daya Mata. Ela possuía uma intuição extraordinária. Guruji definiu a intuição como o “sexto sentido”, o poder onisciente da alma. Quando ele se manifesta, torna-se desnecessário chamar os sentidos para saber alguma coisa; a intuição fornece o conhecimento a partir de dentro. Daya Mata tinha essa habilidade profundamente desenvolvida, por causa de seus anos de prática da meditação. Por exemplo, ela frequentemente tomava decisões para o trabalho da organização. Às vezes, pessoas ao seu lado não conseguiam entender por que ela tomara uma direção, quando os fatos sugeriam que deveria ter tomado outra. Mas ela estava sempre certa. Acho que, ao tomar uma decisão, ela sempre se perguntava: “O que o Mestre iria querer que eu fizesse? O que é melhor para o trabalho do Mestre?” Ela nunca colocou seu interesse pessoal em primeiro lugar; sempre visou alinhar-se com a vontade do Guru – e nisso foi sempre muito competente.
Sri Daya Mata
As coisas mais surpreendentes aconteciam na maneira simples com que ela tratava as situações do dia a dia. É impressionante, porque tal capacidade de concentração é rara. Daya Mata tinha a habilidade de focalizar qualquer coisa que estivesse diante dela, qualquer objeto em que colocava a atenção. Concentrava-se 100% e não se deixava influenciar por qualquer distração ao redor; podia interromper uma tarefa, começar outra e depois voltar à anterior no ponto exato em que a interrompera. Uma vez, eu estava escrevendo algo que ela ditou, algo profundo e complexo. Então, enquanto ela refletia e falava, o telefone tocou. Ela interrompeu o ditado e conversou por muito tempo ao telefone. Quando voltou, virou-se para mim e reassumiu exatamente no ponto em que havia parado!
Era surpreendente testemunhar isso. Guruji costumava falar sobre os benefícios do poder da vontade e da concentração, mas, quando vemos um exemplo vivo deles, ficamos admirados. Daya Mata dizia que praticava Hong-Só o tempo todo, que era sua técnica de meditação favorita. Durante o dia, quando dispunha de alguns minutos, ela praticava Hong-Só. Dizia que, fazendo isso, sua mente se tornava imediatamente tranquila, centrada. E nos treinou para fazermos a mesma coisa. Quando estávamos em meio a um ditado e havia alguma interrupção, como uma chamada telefônica, ela não deixava os que estivessem ao seu lado perder tempo. Dizia: “Fechem os olhos e meditem por um instante; foi assim que Guruji treinou os que estavam com ele”.
Ela era dotada de grande compaixão. De fato, seu nome, “Daya Mata”, significa “Mãe de Compaixão”. Sempre levava muito a sério qualquer um que a procurasse pedindo ajuda, mesmo aqueles que lhe escreviam – e ela recebeu muitas cartas ao longo dos anos. Uma vez, vendo uma pilha de cartas em sua mesa, perguntei: “O que faz com tudo isso, Ma?” Ela respondeu: “São cartas de pessoas pedindo ajuda. Eu as levarei a meu quarto hoje à noite, colocarei sobre o altar e rezarei por elas.”
Um dia, entrei em seu escritório e vi que tinha uma carta nas mãos. Seus olhos estavam fechados, e ela orava profundamente. Fiquei ali por um tempo, e, quando ela abriu os olhos e me viu, disse: “Esta pessoa está com problemas; precisa de minhas orações”. Uma coisa é fazer algo assim quando tem gente observando, outra coisa é fazer isso quando não há ninguém por perto. Isso comprovou para mim, mais uma vez, que o que víamos em Daya Mata externamente era o que ela realmente era por dentro.
Paramahansa Yogananda sabia que grande discípula ela era. Ela começou assumindo todas as tarefas administrativas da SRF em 1948, e passou a ter uma grande carga de trabalho. Contudo, mesmo com toda essa responsabilidade, nunca deixou de lado suas atividades espirituais.
Todos os que estavam na presença de Ma sentiam seu amor e santidade. Quando eu era um jovem monge, sempre notava que, perto dela, me sentia incrivelmente feliz, satisfeito. Uma vez, tendo ela que se ausentar por algumas semanas, eu me perguntei: “Para onde foi aquela minha felicidade?” Era Daya Mata que frequentemente me elevava com a sua vibração.
Vou contar outra boa história sobre ela: uma vez, três empresários quiseram falar com ela, já que era a presidente da organização. Eram advogados, ou banqueiros, executivos de alto status em suas empresas. Daya Mata pediu-me que os recebesse no prédio administrativo (na sede central da SRF). Eram por volta das 18 horas, depois do expediente, e todos os outros visitantes já tinham ido embora. Vi que os três estavam ali, e eles olhavam em volta, sem dúvida se perguntando: “Que tipo de lugar é este?” Levei-os a uma sala no terceiro piso, onde Daya Mata costumava receber as visitas. Deixei-os ali com Ma e aguardei fora da sala. Lembro-me do lindo pôr do sol naquela tarde. Quando a reunião com Daya Mata terminou – durou quase uma hora –, eu os encaminhei para a saída. Notei que todos pareciam muito diferentes do que uma hora antes. De repente, enquanto descíamos a escada, um dos homens segurou-me pelo braço, apontou para cima e perguntou com muita sinceridade: “Quem é ela?”
Compreendi que Ma conversara com esses empresários, homens “do mundo”, sobre questões de trabalho; ela era brilhante em muitos assuntos, e sua capacidade de concentração e entendimento era rara. Além disso, ela sempre mostrava um interesse genuíno pelas pessoas; sempre conversava de maneira tão amorosa que fazia qualquer um se comover. Mesmo numa conversa sobre negócios, ela podia perguntar num dado momento: “Como está você?” ou “Você tem família, filho?” Estar com ela era como estar com uma verdadeira mãe. Quando aqueles empresários me perguntaram quem ela era, pude ver que tinham passado por uma transformação. Ficaram profundamente impressionados com seu contato com Ma; tiveram uma nova perspectiva sobre ela e sobre a SRF.
Sri Daya Mata era uma pessoa muito amorosa, muito jovial. Era impossível estar com ela e sentir-se triste. Ela era muito sensível e percebia se alguém estava infeliz. Uma vez, eu andava acabrunhado; alguma coisa estava me chateando. Ela me pediu que viesse vê-la, e, como eu não queria que percebesse que estava me sentindo mal, disfarcei com um sorriso no rosto. Quando entrei no escritório, ela trabalhava em sua mesa. Olhando para mim, perguntou imediatamente: “Está se sentindo bem?” Ela sentiu que a minha vibração estava perturbada.
Daya Mata possuía e irradiava felicidade. Estivesse ela falando para um grupo pequeno ou grande, para mil ou quatro mil pessoas, todos se sentiam felizes em sua presença. Dizia algo engraçado, e todo mundo ria; era um magnetismo que contagiava a todos. De muitas maneiras, ela influenciou a vida de muita gente, inclusive pessoas que, por intermédio dela, foram apresentadas à SRF. Em seus primeiros anos, ela viajou como representante da SRF e falou em todo o mundo, mas nos últimos anos permaneceu mais “nos bastidores”. Mas nunca deixou de receber e conversar com as pessoas.
Nós (a SRF) publicamos uma revista especial, logo após o seu falecimento, com muitas fotografias suas em diferentes circunstâncias e situações – ao lado de um chefe de governo ou de alguém mundialmente famoso, ou cumprimentando alguém pela primeira vez, falando diante de agrupamentos grandes ou pequenos, em ambientes naturais ou urbanos, ou apenas meditando em silêncio. Em todos esses retratos, não importa o que Ma estivesse fazendo, podemos notar que em cada caso ela está sempre interagindo perfeitamente com as pessoas e com o ambiente, expressando compaixão, amor e compreensão. Assim era Ma.
OMNISCIÊNCIA – Gostaríamos de saber mais a respeito da capacidade de pacificação que Daya Mata possuía porque ouvimos dizer que essa era uma de suas características mais notáveis, algo que também foi levado em consideração quando foi escolhida como dirigente da SRF.
IRMÃO JAYANANDA – Não há dúvida sobre sua capacidade como pacificadora. Ela própria era pacífica, jovial. Paramahansa Yogananda dizia que devemos ser o que desejamos que as pessoas ao nosso redor sejam. Não podemos esperar que as pessoas se comportem de um jeito, quando nós nos comportamos de outro. Ma era pacificadora; tinha a capacidade de unir as pessoas. Era corajosa; não hesitava em fazer o que tinha de ser feito. Sabia que estava a serviço do Guru; se ele lhe pedisse algo, ela executava sem questionamentos ou demoras.
Às vezes, sentimos receio quando temos que enfrentar alguém. Ma, não; ela simplesmente fazia o que precisava ser feito. Ela também sempre apelava para a natureza superior da pessoa; ela era o exemplo, inspirando os que estavam ao seu lado a serem pessoas melhores. Essa característica é impressionante. Paramahansa Yogananda dizia: “Eu atraio pessoas resolutas”. Bem, pessoas resolutas têm grande força de vontade: uma vez que decidem algo, é pouco provável que mudem de ideia! Ma, porém, tinha a capacidade de colocar as pessoas em sintonia com a vontade de Guruji, e lembrava a todos nós que deveríamos nos esforçar para vivermos sintonizados com o Divino. Ela era muito respeitada por todos.
OMNISCIÊNCIA – Como pode a meditação ajudar nessa expansão do amor, da qual Daya Mata foi um grande exemplo?
IRMÃO JAYANANDA – Só podemos afetar o mundo de uma maneira, e esta é mudando a nós mesmos. Quando a pessoa muda, torna-se possível para ela influenciar o mundo. Guruji disse: “Mude a si mesmo, e você mudará milhares”. Quando alguém se transforma de verdade, existe a possibilidade de mudar o mundo de maneira notável.
A Yoga permite que as pessoas transformem sua consciência por meio da meditação. O que é meditação? Guruji ofereceu uma linda definição, dizendo que é “um processo de cultivar e estabilizar a consciência da nossa verdadeira natureza”. Na vida cotidiana, não vemos qual é a nossa verdadeira natureza; o mundo nos influencia a agir e a acreditar em certas coisas. Tendemos a pensar que temos limitações, que não somos capazes de amar, compreender, ter sabedoria. Mas a meditação, “o processo de cultivar e estabilizar a consciência da nossa verdadeira natureza”, por meio de métodos científicos e definidos, é um caminho para ir além da consciência do ego e substituí-la pela consciência da alma.
Então, como a meditação funciona? Ela transfere a nossa consciência, do corpo e suas limitações, da mente e suas oscilações, para a percepção do espírito: um estado de paz, alegria, contentamento. Ouvi dizer que meditar é como manusear o sândalo: quanto mais alguém o manuseia, mais a sua pele retém aquela fragrância. De maneira parecida, quanto mais frequente e profundamente você medita, mais os períodos entre uma meditação e outra são afetados. Quando fizer uma boa meditação e, depois, sair para o mundo, você notará que vai interagir com as pessoas de uma maneira diferente, mesmo com aquelas com quem talvez tenha um relacionamento difícil. Naturalmente, você pensará: “Bem, tal pessoa não é tão má assim. Tem algumas boas qualidades!” Você mudará e, de repente, suas relações serão diferentes. E o que você recebe em troca começa a mudar também. É um processo gradual, porém certo. Com a meditação regular através dos anos, sua capacidade de estar no mundo muda. Guruji dizia que o ideal é estar no mundo, mas sem ser do mundo. Com a meditação, é possível tornar-se menos afetado pelo mundo, porque existe um lugar em nosso ser interior ao qual podemos recolher a nossa consciência.
Hoje passamos por uma rua cheia de girassóis. O iogue assemelha-se a um girassol, sempre voltado para o sol, para a luz. Não importa onde esteja, ele segue a percepção interna do Divino e busca a presença de Deus. É um caminho maravilhoso, inspirador, sempre novo.
OMNISCIÊNCIA – Poderia nos dizer algo a respeito da saúde do corpo e da mente…
IRMÃO JAYANANDA – Estão todos conectados: corpo, mente e alma. É impossível fazer algo com um deles sem afetar os outros dois. Você dizia que trabalha com crianças; nelas podemos notar, por exemplo, os efeitos de uma dieta saudável. Melhore a alimentação das crianças e notará uma melhora na vitalidade delas; serão mais alegres se comerem mais frutas e verduras frescas. Logo, tudo é afetado. A Yoga proporciona um enorme suporte para o corpo, a mente e a alma. A Hatha Yoga focaliza o corpo, que, por sua vez, afeta a mente. A Raja Yoga é a meditação, e Guruji nos deu técnicas, exercícios de energização – 38 exercícios que fortalecem e acalmam o corpo pelo poder da vontade. São maravilhosos esses exercícios!
Em outras palavras, se a mente é sadia, se você é centrado, se existe paz e plenitude interior, esse estado faz com que o corpo também se torne saudável. A Raja Yoga é um caminho para estabelecer a harmonia entre os três elementos: o corpo, a mente e a alma.
Atualmente, muita gente está sofrendo de estresse. Não é apenas um problema da mente, mas também prejudica o corpo. O estresse provoca muitas doenças. Numerosos médicos e cientistas pedem aos doentes que relaxem, para irem à praia, que esqueçam o trabalho, que evitem abrir suas caixas de e-mail por três semanas!
Os três elementos – corpo, mente e espírito – estão conectados. Guruji não diz que você tem de fugir; ele diz que, se todos fugissem para as montanhas, teríamos que construir uma cidade lá! Você não pode evitar algumas circunstâncias, mas pode mudar de maneira suficiente a sua consciência (o modo como enxerga a vida), para que se torne mais tranquilo, centrado e, portanto, capaz de influenciar os problemas externos que o atormentam. Isso é estar no mundo sem ser do mundo.
Penso que Daya Mata foi um grande exemplo disso, porque estava frequentemente sob pressão. Ela dirigiu uma organização internacional durante 55 anos, lidando com todos os tipos de desafios que fazem parte do comando de qualquer grande organização. Apesar disso, quem a visse pensaria que não havia nada que a preocupasse, nenhum problema. Ela sabia que não seria capaz de suportar tamanho nível de pressão e de responsabilidade se não fosse sua prática diária da meditação, pela manhã e à noite.
OMNISCIÊNCIA – Irmã Gyanamata, outra grande discípula deste caminho, diz em seu livro God Alone que as vibrações de guerras no mundo inteiro nos afetam. Como podemos lidar com tudo que esteja ao nosso redor?
IRMÃO JAYANANDA – Bem, o mundo continuará sendo o mundo. No momento atual, guerras e dificuldades existem. Devemos procurar, dentro de nós, um lugar de paz e tentar expandir essa paz, para que todos os que cruzem nosso caminho sintam essa paz e esse amor. Na época atual, é aí que a consciência da humanidade se encontra. Guruji diz que esta consciência está se elevando cada vez mais, que sempre haverá mais e mais compreensão a respeito do propósito da vida. Se compararmos o mundo de hoje ao de 100 anos atrás, certamente constataremos que a compreensão e a consciência se elevaram. Há um interesse crescente pela Yoga, por viver de uma maneira científica, que traga felicidade. Tais questões tornaram-se mais conhecidas muito recentemente. Então, as coisas vão melhorar, mas é um processo lento. O melhor que podemos fazer é trabalhar a nós mesmos para mudar nossa consciência e ajudar aqueles que conhecemos em nossa vida. Esse é o caminho de Guruji. Cada pequeno esforço ajudará a fazer um mundo melhor, mais pacífico.
É também prático e muito útil rezar pelo mundo; Guruji sempre enfatizou isso. Em todos os nossos centros e grupos de meditação, e nos ashrams, oramos diariamente pela paz mundial. Orar é um modo efetivo de enviar vibrações positivas e afastar para longe as vibrações da guerra e do ódio.
OMNISCIÊNCIA – A Yoga, essa antiga ciência, traz a possibilidade de acelerar a evolução humana?
IRMÃO JAYANANDA – Certamente que sim. Guruji explica que a evolução humana regular implica milhares de enfermidades por muitos anos. Muitas encarnações são necessárias até que a consciência se aproxime de Deus e a presença divina seja perfeitamente sentida e refletida. A Yoga acelera esse processo de maneira fabulosa. É um pouco parecido com um atleta que treina para melhorar o desempenho. É possível treinar a mente, a consciência, e a Yoga faz isso: ela treina a consciência para que a experiência de Deus aconteça e se reflita na vida diária. Como disse Guruji, uma só prática correta da Kriya Yoga equivale a um ano de evolução comum.
Uma vez, Yogananda disse a Daya Mata que continuasse praticando e, um dia, quando olhasse para trás, ela não se reconheceria, pois a prática traria muitas mudanças. E ela disse que isso realmente aconteceu! Um dia, ela olhou para trás e não conseguiu se identificar com as fraquezas que tivera anteriormente, as dúvidas e o medo que costumava ter. Tinha mudado tanto que não podia mais se reconhecer. Penso que qualquer um que pratique sinceramente terá, depois de anos, a mesma experiência – a de não ser mais a mesma pessoa, a de sentir que cresceu.
Com a idade, muita gente se desenvolve fisicamente, mas não mentalmente e espiritualmente! Porém existem formas efetivas de ajudar alguém a crescer. Formei-me na universidade, mas comecei realmente a aprender – conseguindo pensar de verdade – quando comecei a praticar Yoga. Fiquei muito mais focado e interessado em diversos assuntos, muito mais do que quando era mais jovem.
A Yoga é a ciência da religião; é um método. Atualmente, pouca gente sabe que a Yoga é uma ciência, mas é.
OMNISCIÊNCIA – Daya Mata diz, no começo do seu livro, que as pessoas buscam uma experiência pessoal de Deus. Quer dizer, elas querem sentir a presença Dele interiormente – não uma religião, em que alguém, de fora, fala sobre Deus – e a Yoga traz essa possibilidade…
IRMÃO JAYANANDA – Sim, ela traz essa possibilidade. Temos experiências diferentes. Às vezes, pensamos em Deus como alguém de barba comprida, lá no céu. Tentamos chegar a Ele sem compreender que somos Seus filhos, que somos feitos à Sua imagem. A Yoga nos dá a capacidade de despertarmos gradualmente para a nossa unidade absoluta com Deus; então podemos começar a sentir e a perceber diretamente a presença divina.
Nasci numa religião que afirmava serem os santos criaturas especiais feitas por Deus, diferentes de todos os outros. Mas Guruji diz que somos todos santos em potencial – aquilo que eles viveram, experimentaram e realizaram nós também podemos viver, experimentar e realizar. Mas precisamos de um método, e a Yoga é esse método.
Lembro-me de alguns anos atrás, quando monges da Yogoda Satsanga Society (YSS; organização filial da SRF na Índia) vieram nos visitar. Um deles nos contou que certa vez viajava por uma floresta, no sul da Índia, com outro monge. Nessa floresta, eles encontraram um eremita, um sábio que lá vivia. Quando esse homem soube que os monges eram da YSS, ficou impressionado e lhes mostrou um livro que ele guardava em seu abrigo: “Só o Amor”. Para ele, era o livro mais sagrado que já tinha lido, porque explicava como praticar e estar em sintonia com o Divino. Fiquei admirado quando ouvi essa história.
OMNISCIÊNCIA – Qualquer um pode praticar essas técnicas, existe algum requisito para isso?
IRMÃO JAYANANDA – Acredito que o requisito para o nosso caminho é o interesse sincero nos ensinamentos de meditação iogue de Paramahansa Yogananda. Guruji dizia: “Tente. Pratique os ensinamentos. Se não funcionarem, dê adeus e siga adiante.” Mas ele também disse que se os praticarmos sinceramente não iremos ficar desapontados e, em minha opinião, isso é verdade. O livro “Só o Amor” contém argumentos bastante convincentes de alguém que praticou os ensinamentos.
Observe que, no caminho espiritual, nada acontece à toa. Todos nós conhecemos a história de uma jovem que, antes de tornar-se monja da SRF, caminhava numa biblioteca quando um livro caiu sobre sua cabeça. Era a Autobiografia de um Iogue! O Guru nos encontra onde quer que estejamos; não é algo que aconteça por acaso.
OMNISCIÊNCIA – Como levar uma vida equilibrada num mundo que nos empurra todos os dias para trabalhar mais? Como a Yoga nos ajuda nesse estilo de vida moderno?
IRMÃO JAYANANDA – Acredito que a vida deve ser equilibrada. É quase impossível sermos felizes e satisfeitos se dedicamos muitas horas ao nosso trabalho e nenhuma à prática espiritual. Porém, ter uma vida equilibrada tem diferentes significados para pessoas diferentes. Por exemplo, algumas assumem demasiada responsabilidade, e, quanto mais assumem, maior é a necessidade de práticas que tragam essas pessoas de volta para o seu centro.
O primeiro presidente da SRF, após a morte de Yogananda, foi Rajarsi Janakananda; ele faleceu em 1955, depois do que Daya Mata tornou-se a presidente. Rajarsi Janakananda era um empresário multimilionário. Era dono de empresas e teve de suportar grandes pressões, mas era uma alma admirável! Há exemplos de pessoas que alcançam essa vida equilibrada. Mas Rajarsi criou aquele espaço. Ao chegar ao escritório, toda manhã, ele trancava a porta para um período de meditação; sabia da importância de fazer isso.
Penso que é importante para alguém que busca uma vida equilibrada criar tempo e espaço para praticar Yoga. Mesmo um tempo bem curto é melhor que nenhum. Daya Mata costumava dizer em suas palestras: “Façam 15 minutos por dia, mesmo cinco minutos! Vocês verão seu coração abrir-se para Deus. Meditem!” Ela então dizia: “Tentem sentir a presença de Deus e serão saudáveis”.
Assim, quem consegue ter horas e horas para a prática? Comece do ponto onde está, observando o que realmente importa, estabelecendo prioridades. Guruji dizia que, quanto mais ocupado esteja, tanto mais seletivo você deve ser a respeito de sua “dieta mental”. Temos de evitar o que não é relevante. Empresários de êxito conhecem essa lei; não perdem tempo com atividades inúteis. Certamente, é positivo reservar tempo para relaxar e para atividades recreativas. Guruji conhecia o equilíbrio. Ele só não queria que perdêssemos tempo com atividades desnecessárias.
Às vezes, na vida, passamos por períodos extremamente ocupados, não há tempo para nada. Até esquecemos quem somos. Guruji diz que tudo bem, essas coisas acontecem, mas depois desse período devemos voltar para o centro e recuperar o equilíbrio. Tudo depende do que você quer. Se desejar ter uma vida equilibrada, encontrará um caminho para ela e será saudável.
Também no ashram há períodos atarefados, em que tentamos fazer o melhor que podemos, meditamos tanto quanto possível e percebemos que o Guru nos ajuda. Às vezes, descobrimos que uma meditação curta durante um período turbulento é tão eficaz como se tivéssemos meditado por horas. Isso não se deve às nossas próprias habilidades; é Guruji dizendo: “Muito bem, não se preocupe!” É parte da vida interior do iogue. Daya Mata fala sobre isso em “Só o Amor” quando comenta a respeito das responsabilidades da vida. Acredito que qualquer um que leia esse livro sentirá a sinceridade de Daya Mata. Muitas das perguntas que foram feitas sobre a vida equilibrada, como também outros tópicos, são abordadas detalhadamente no livro dela.
OMNISCIÊNCIA – Poderia falar um pouquinho sobre o atual momento da SRF, os projetos, as mudanças, a nova presidente Sri Mrinalini Mata…
IRMÃO JAYANANDA – Sri Mrinalini Mata é admirável, também. Não trabalho diretamente com ela, mas a vejo sempre. É uma alma surpreendente. Guruji a conheceu quando ela era muito jovem e ela entrou na comunidade monástica da SRF aos 15 anos, com a permissão dos pais. Desde o começo, ele sabia qual seria o papel dela – como sabia o de todos os outros! Sabia que ela editaria os ensinamentos e seria responsável por sua difusão. Ele a treinou nessas tarefas.
Daya Mata, em minha opinião, operava principalmente com o coração, com amor e compreensão, enquanto Mrinalini Mata, que certamente tem essas qualidades, trabalha em um nível de profunda sabedoria. Mas, no cômputo final, ambas alcançaram o mesmo patamar, ainda que a trilha tenha sido um pouco diferente!
O trabalho está nas mãos de nosso Guru. Ele sempre indicará as pessoas certas para fazerem o que é necessário. Tudo está sob o controle do Guru; estamos em boas mãos!
Yogananda disse que, após a sua partida, os ensinamentos seriam o Guru. Isso é muito importante. Todo devoto sincero sabe que isso é verdade. Assim, o Guru fala conosco frequentemente, quando pegamos um de seus livros ou escritos! Nós estamos em boas mãos!
OMNISCIÊNCIA – Gostaria de dizer alguma coisa para o povo brasileiro? É a sua primeira visita ao Brasil?
IRMÃO JAYANANDA – Estou no Brasil pela primeira vez. Minha impressão é muito positiva; posso ver que há uma enorme devoção. O livro “Só o Amor” é universal – para todos lerem. Os brasileiros com certeza ficarão interessados neste grande livro.
https://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2016/04/jayanananda-srf.jpg532800Reinaldo Duarte da Silvahttps://srfvilamadalena.com.br/wp-content/uploads/2024/08/WhatsApp_Image_2024-08-15_at_13.48.59-removebg-preview.pngReinaldo Duarte da Silva2016-04-13 03:52:092018-03-30 15:02:21Entrevista Exclusiva com o Monge Jayananda da SRF
Passamos por um momento delicado em que a economia é apenas a última expressão de uma crise que começa dentro de cada um de nós. É custoso acreditar que tanto os problemas quanto as resoluções da vida moram interiormente, por isso costumamos “terceirizar” as dificuldades ou as alegrias atribuindo a uma determinada situação, ou a alguém, a causa do nosso insucesso/sucesso. Mestres da Humanidade, de diferentes épocas, no entanto, sempre fazem lembrar da importância de aquietar e perceber o que nos diz a voz da alma. É nesse momento que as respostas vêm à tona.
Palestra de Paramahansa Yogananda nos Estados Unidos
Paramahansa Yogananda, mestre iogue indiano, aportou no continente americano em 1920 e, das inúmeras diferenças culturais entre a sua terra natal e os Estados Unidos, uma das que mais lhe chamou a atenção foi o apego exagerado – dos americanos – ao dinheiro e aos bens materiais (como se pode ver no documentário que narra a sua vida). Tendo como recurso a sabedoria milenar da yoga, ele abordou a questão do êxito material em muitas palestras. Copiamos, abaixo, um dos trechos em que trata do tema. Ele foi extraído do livro “Afirmações Científicas de Cura”.
Leis do êxito material, nos níveis subconsciente, consciente e super consciente
Obtém-se o êxito pela obediência às leis divinas e às leis materiais. Tanto o êxito material quanto o espiritual deveriam ser alcançados. O êxito material consiste em possuir as necessidades da vida.
A ambição de fazer fortuna deve incluir o desejo de auxiliar os outros. Adquira todo o dinheiro que puder, melhorando de algum modo a sua comunidade, o seu país ou o mundo; jamais, porém, busque o lucro financeiro agindo contra os interesses deles.
Nos níveis subconsciente, consciente e superconsciente, existem leis do êxito material e de como superar uma atitude mental derrotista.
No nível subconsciente, a lei do êxito é que se repitam afirmações, com intensidade e atenção, imediatamente antes de dormir e depois de acordar. Não duvide. Quando quiser alcançar qualquer objetivo digno, expulse o pensamento de fracasso. Sendo filho de Deus, acredite que você tem acesso a todas as coisas que a Ele pertencem.
A ignorância e a descrença em relação a essa lei têm privado o homem de sua herança imortal. Para utilizar os recursos do suprimento divino, você deve destruir as sementes subconscientes dos pensamentos errados pela repetição uniforme de afirmações impregnadas de confiança infinita.
No nível consciente, a lei do êxito é planejar e agir de maneira inteligente, sentindo, o tempo todo, que Deus o está auxiliando em seu planejamento e em seu esforço contínuo e laborioso.
No nível superconsciente, a lei do êxito é posta em funcionamento pelas orações do homem e por sua compreensão da onipotência do Senhor. Não interrompa seus esforços conscientes nem dependa exclusivamente das suas aptidões naturais, mas peça a ajuda divina em tudo que fizer.
Quando se combinam esses métodos, referentes aos níveis subconsciente, consciente e superconsciente, o êxito é garantido. Tente outra vez, não importa quantas vezes tenha fracassado.
Breves afirmações (“As palavras faladas são sons produzidos pelas vibrações dos pensamentos; os pensamentos são vibrações emitidas pelo ego ou pela alma. Cada palavra que você pronuncia deve ser reforçada com a vibração da alma” – Paramahansa Yogananda”):
“Sei que o poder de Deus é ilimitado; sendo feito à imagem Dele, eu também sou dotado de força para superar todos os obstáculos.”
“Eu tenho o poder criador do Espírito. A Inteligência Infinita me guiará e resolverá todos os problemas.”
“Deus é o meu Banco Divino inesgotável. Sou sempre rico, pois tenho acesso ao Armazém Cósmico.”
“Viverei com perfeita fé no poder do Bem Onipresente para trazer a mim o que eu precisar, no momento certo.”
“A luz solar da prosperidade divina acabou de irromper no escuro céu de minhas limitações. Sou filho de Deus. O que Ele tem, eu tenho.”
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Brother Bhaktananda
Entrar em contato com as palavras, a sabedoria, de uma grande figura como Yogananda é extremamente enriquecedor. Brother Bhaktananda, monge da Self-Realization Fellowship (instituição criada pelo mestre iogue para disseminar seus ensinamentos pelo mundo), em palestra intitulada “Como aperfeiçoar os relacionamentos humanos” – ministrada no ano de 1991, frisou a importância de tornar frequentes as leituras das obras do indiano a fim de promover grandes transformações:
“Uma das maneiras de ter uma consciência espiritual, positiva, é ler os livros do Mestre”, diz Bro. Bhaktananda. Ele cita especificamente os livros de orações e afirmações: Whispers of Eternity (Sussurros da Eternidade), Meditações Metafísicas eAfirmações Científicas de Cura. “Neles o Guru nos lembra que somos filhos de Deus; que Deus está dentro de nós, seus poderes estão conosco e Deus está nos ajudando a superar nossos problemas psicológicos. À medida que lemos, nossa consciência se transforma. Muitos devotos assim testemunham.”
Um devoto contou que “vinha de uma família em que ele odiava os pais. Não gostava do governo, da sociedade, de ninguém. Não se dava bem com as pessoas. Era casado mas sua mulher estava se divorciando dele. No trabalho sempre se encrencava com os colegas por causa de sua atitude negativa. Então ele veio ao Templo de Hollywood para assistir a um serviço de meditação; e era Yogananda quem conduzia o serviço naquele dia – isso foi em 1947. O rapaz gostou do que ouviu, e aí foi à sala de livros do Templo e ficou olhando as obras à venda; mas ele só teve dinheiro suficiente para comprar o livro Afirmações Científicas de Cura, que era o mais barato à época. Então ele o levou ao seu quarto e começou a ler de fio a pavio, e quando acabou, começou tudo de novo. E assim ele lia este livro de uma a duas horas todos os dias. Depois de duas semanas fazendo isso, ele era uma pessoa completamente diferente, conforme me disse. Toda a negatividade parecia tê-lo deixado. Pelo menos o suficiente para que se sentisse melhor consigo mesmo. E assim ele começou a se dar melhor com os outros. Ele mudou tanto que foi aceito como monge na Self-Realization Fellowship!”
(Tradução do texto/Brother Bhaktananda: Maria Tereza Piacentini)
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